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DIU deslocado ou mal posicionado (2a. parte)


Por que o DIU se desloca?

Às vezes ele não se deslocou, mas ficou mal inserido, distante do fundo da cavidade uterina. Isso é mais frequente em úteros com retroversão (virados para trás) acentuada e em nuligestas (mulheres sem filhos), devido à maior dificuldade na inserção.

Outras vezes o DIU ou Mirena não cabe dentro da cavidade uterina. É uma questão de geometria. Por isso, em mulheres que não têm filhos é imperativo medir a distância entre o orifício interno do colo uterino e o fundo da cavidade.



Se ele for maior do que esta distância, não vai caber e vai ser expulso e causar muitos efeitos colaterais. O DIU grande demais para a cavidade pequena, se não for expelido, pode inscrustar no miométrio, resultando em desconforto do paciente, sangramento e pode até avançar para perfurações.

Para se ter uma ideia, o comprimento do T de cobre é de 36mm e do Mirena 32mm.

Pesquisadores americanos mostraram que há uma grande variação individual no tamanho e na forma do útero humano, provavelmente maior do que nas variações no tamanho e na forma do pé humano. Os pesquisadores demonstraram que as cavidades uterinas variam muito em forma, tamanho e potencial de adaptação.

O diâmetro transversal (largura) da cavidade uterina também deveria ser considerado ao decidir qual modelo de DIU usar e tem uma influência grande no desempenho e na aceitabilidade. Kurz, na Alemanha, mediu o diâmetro transversal da cavidade endometrial em 795 mulheres com filhos e sem filhos (nulíparas). O valor médio e desvio padrão em mulheres nulíparas foi de 23,1 ± 3,1 mm.



Ora, a largura do T de cobre 380 A e do Mirena é de 32mm!

A conclusão é que os DIUs T de cobre e o Mirena são muito grandes para a maioria das mulheres nulíparas. Cabe a orientação para o uso de alternativas disponíveis: DIUs Mini (Ômega, Andalan) e o recém lançado Silverflex Mini e o Kyleena, que é chamado popularmente de Mini Mirena, menor do que o original (30 mm comprimento/28mm largura), que será lançado em breve no Brasil.

KYLEENA



DIU OMEGA MINI BEM POSICIONADO



A distorção uterina grave (por exemplo, miomas) ou uma malformação congênita (por exemplo, útero arcuatus ou bicornus) pode impedir o posicionamento adequado de um DIU e causar deslocamento e migração do DIU na e através da parede do útero.

DIU SAFE DESLOCADO



No cômputo geral, a expulsão total de um DIU de cobre ou hormonal é baixa e ocorre em 5 a 10% das mulheres durante o primeiro ano de uso, com 1 a 2% ao ano a partir de então e deve-se principalmente à incompatibilidade espacial com uma cavidade uterina muito pequena.

Portanto, uma avaliação completa antes da inserção do DIU ou Mirena é importante, e pode diminuir os deslocamentos, efeitos colaterais e complicações, principalmente entre as mulheres nulíparas, nas quais o útero é menor do que as mulheres que já tiveram filhos.

Palavras-chave: deslocamento de DIU, expulsão de DIU, capacidade do útero, T de cobre, Mirena, Kyleena, Mini.


Prof. Antônio Aleixo Neto
Mestre em Saúde da Mulher pela Faculdade de Medicina da UFMG
Mestre em Saúde Pública pela Harvard University
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