Nos últimos anos, têm sido notado o recrudescimento de
doenças raras ou que já tinham sido consideradas controladas.
Exemplos bem documentados incluem os recentes surtos de ebola
na África e de sarampo, no Brasil e várias partes do mundo. No surto de
Ebola 2013-2016 na África Ocidental, curas falsas, como tomar banho em água
quente e sal ou consumir nozes amargas da árvore da kola, foram propagadas
através das mídias sociais.
A abordagem dos governos foi a divulgação de mensagens sobre
o tratamento adequado e controle do Ebola. Mas isso não funcionou, porque as
comunidades não percebiam as autoridades como fontes confiáveis.
Descobriu-se que as celebridades do YouTube - as
quais as comunidades viam como fontes confiáveis - poderiam mudar a narrativa
e incentivar as estratégias de prevenção endossadas pela Organização Mundial de
Saúde. Um rapper liberiano chamado Shadow fez vídeos musicais que ressoaram bem
com as comunidades. Uma música, intitulada "Ebola in Town",
desencorajou a apertar as mãos e a comer carne do bosque e inspirou a criação
de uma dança que imitava o abraço à distância. A força de seus vídeos foi um
indicador de quão rápido as mensagens orientadas para a saúde pública poderiam
se espalhar através de abordagens de mídia criativa.
Outro exemplo preocupante de desinformação envolve a
vacinação, sendo a vacina contra o sarampo o caso mais proeminente no
Brasil, no momento. Nos EUA mensagens anti-vacinação "irresponsáveis"
circuladas nas plataformas de mídia social podem estar contribuindo para um
aumento nos casos de sarampo e um declínio na aceitação da vacinação.
O pior é que as gerações mais jovens estão se não estão se sensibilizando
para a importância das vacinas como uma norma, algo que pode afetar a
distribuição da imunidade a longo prazo, como é também o caso das vacinas
contra o HPV.
Pesquisadores agruparam as mensagens mais dominantes sendo
propagadas contra a vacinação: questões religiosas, violação das liberdades
civis e individuais, “direito de escolha”, falsos efeitos colaterais ou
complicações.
Para a comunidade de saúde pública, é um verdadeiro desafio
traduzir as mensagens adequadas pela mídia. A linguagem técnica especializada e
as respostas convencionais parecem não funcionar. Em vez disso, é preciso usar uma linguagem que
possa difundir informações cruciais para a rede de informações digitais - por
exemplo, visualizações de dados criativos que sejam simples, mas acessíveis, ou
informações fornecidas por memes. O treinamento de mídia deve ser um componente
central da educação em saúde pública para deter essas pragas digitais modernas
Palavras-chave: fake news, desinformação, vacinação, saúde pública, mensagens, mídia social.
Prof. Antônio Aleixo Neto
|
Mestre em Saúde da Mulher pela Faculdade de Medicina da UFMG
|
Mestre em Saúde Pública pela Harvard University
|
© Todos os direitos reservados
Gostou da postagem? Curta nas suas redes sociais.
|
Comentários
Postar um comentário