Pular para o conteúdo principal

Editorial: Adolescência, sexualidade e contracepção

Nas últimas décadas grandes transformações sociais ocorreram no Brasil e no mundo, levando a uma mudança acentuada dos padrões de comportamento sexual, principalmente entre os adolescentes. O aconselhamento sexual das famílias e das escolas muitas vezes não acompanhou essas mudanças, ficando distanciado da realidade dos jovens. Resultado: apenas cerca de 1/3 dos jovens usaram algum método contraceptivo na primeira relação sexual, se expondo a uma gravidez indesejável ou a uma doença sexualmente transmissível, sendo que 80% iniciam a vida sexual antes dos 17 anos.
clip_image001
A falta de informações e conhecimento, a dificuldade de acesso aos métodos anticoncepcionais, o pensamento mágico de que “nada vai dar errado”, o medo de a família descobrir, levam os adolescentes a este descuido perigoso. No entanto, isso não precisaria ser assim.
É importante saber que, em geral, as adolescentes podem usar quase todos os métodos contraceptivos e deveriam ter acesso fácil a várias opções. A idade em si não constitui uma razão médica para negar qualquer método às adolescentes. Muitos dos critérios de contraindicação que se aplicam a mulheres adultas não se aplicam às jovens.  Em verdade, as adultas são muito mais sujeitas a impedimentos ao uso de vários contraceptivos do que as adolescentes, devido à maior frequência de diversas condições, tais como: alterações cardiovasculares, hipertensão, varizes acentuadas, presença de tumores, diabetes, etc.
Os aspectos sociais e de conduta devem ser considerações importantes na escolha dos métodos anticoncepcionais nas adolescentes. A maior exposição a contágio de doenças sexualmente transmissíveis é um fato importante nessa faixa etária e nos impõe a indicação da dupla proteção: preservativo + outro método. Também tem sido exaustivamente mostrado que as jovens usuárias de pílulas anticoncepcionais têm uma tendência maior de esquecimento ou de interrupção do uso das mesmas, muitas vezes por motivos pouco importantes. Isto pode recomendar a indicação de métodos que não requerem uma tomada diária, tipo os métodos injetáveis. A escolha do método também pode ser influenciada por padrões de atividade sexual esporádica ou a necessidade de ocultar a atividade sexual e o uso de métodos contraceptivos.
Enfim, a educação e orientação sexual adequada é um grande desafio que implica em enfatizar a participação da família, das escolas, do sistema de saúde, dos meios de comunicação; para que se possa ajudar as adolescentes a encontrar as melhores soluções para suas aspirações e desejos, e a tomar decisões maduras e consistentes.
Dr. Antônio Aleixo Neto





Postagens mais visitadas deste blog

O que significa mancha branca no colo do útero?

As manchas brancas que aparecem no exame colposcópicos do colo uterino são lesões decorrentes de cervicite crônica (inflamação crônica do colo), geralmente sem significado clínico importante, ou então, lesões causadas pelo HPV, que têm importância variável, dependendo do tipo de imagem. MANCHAS BRANCAS O Papanicolaou (citologia de prevenção do câncer) detecta as células anormais oriundas destas manchas, classificando-as em: normais, displasia leve, moderada ou grave. É um exame indireto das lesões. Já a colposcopia (exame através de um colposcópio, que é um aparelho binocular de grande aumento), tem uma visão direta das lesões. Este exame colposcópico permite verificar pequenas nuances de relevo, de extensão e coloração das imagens de maneira que se pode inferir o grau de importância e gravidade da mesma. Dependendo dos achados, o ginecologista poderá recomendar um acompanhamento periódico, uma biópsia, uma cauterização ou até mesmo uma cirurgia. COLPOSCÓPIO O exame...

9 FATOS QUE VOCÊ DEVE CONHECER SOBRE CONDILOMA ACUMINADO

Condiloma acuminado é uma verruga sexualmente transmissível causado por determinados tipos de HPV (Papiloma Vírus Humano).     Pode aparecer principalmente na vulva, no períneo, na vagina, no colo do útero, no pênis, no saco escrotal, no ânus, na boca e na faringe. Condiloma na boca e na vulva Ele em si, não se transforma em câncer, embora, quando da contaminação, a mulher possa ter tido contato com outros tipos de HPV que tenham potencial de causar o câncer do colo do útero, da vulva, da vagina, do ânus ou da faringe. É extremamente contagioso. O período de incubação pode variar de dias a semanas, ao contrário de outros tipos de HPV, que podem levar até anos para se manifestarem. O tratamento pode ser feito com cauterizações ou por aplicação de medicamentos, e pode demorar. O parceiro deve ser cuidadosamente avaliado. Criocautério Pode ser prevenido pela vacina quadrivalente, contra...

O que é cauterização do colo do útero?

Cauterização do colo do útero é um procedimento que é usado para tratar lesões anormais, mas, não cancerosas, nesta parte do útero, que fica no fundo da vagina. A cauterização pode ser elétrica (eletro cauterização), por congelamento (criocauterização) ou química (que usa substâncias ácidas ou cáusticas). APARELHO DE ELETROCAUTERIZAÇÃO A cauterização do colo do útero é comumente usada para tratar as chamadas feridas (ectopias ou ectrópios) do colo do útero e lesões pré-cancerosas do colo do útero, tais como pequenas áreas de tecido anormal (displasia cervical), geralmente causadas por alguns tipos de HPV.  Também pode ser usada para estancar hemorragias que podem ocorrer na sequência de um procedimento de biopsia cervical ou retirada de pólipo. Lesão (mancha) causada pelo HPV no colo do útero A cauterização do colo uterino é um procedimento ambulatorial que é realizado rotineiramente no consultório do médico e demora apenas poucos minutos. Dependendo do mét...