Pular para o conteúdo principal

O Mirena® engorda?

Um dos problemas mais importantes e também mais controversos na nossa vida é o ganho de peso e a consequente obesidade e suas consequências. É um assunto extremamente complexo que envolve inúmeros fatores que se entrelaçam e afetam a nossa saúde: ingestão excessiva de alimentos (calorias), absorção dos alimentos, a falta ou deficiência de atividade física, o metabolismo individual, distúrbios hormonais, e por aí vai. No entanto, muitas vezes se esquece de que o ser humano foi desenvolvendo ao longo dos milênios uma alta capacidade armazenamento de energia (gordura). Só assim nossos antepassados sobreviviam a longos dias sem caça, alimentando-se apenas de pequenos frutos e sementes. Pela seleção natural, os melhores nesta capacidade sobreviveram e nós herdamos geneticamente este fator. Acontece que hoje a alimentação é geralmente farta -- embora não necessariamente saudável -- e a atividade física diminui cada vez mais. Resultado: as calorias sobram e vão se transformar em gordura, que é o melhor meio para seu armazenamento. A expectativa de vida também aumentou demais, já chegando aos 80 anos. A mulher sobrevive décadas após a menopausa e fica sujeita a inúmeras doenças que suas ancestrais nunca teriam. Na pré-história a expectativa de vida era de 30-40 anos. Poucos chegavam a mais do que isso. Não dava tempo de ter osteoporose, a maioria dos cânceres, artrose e obesidade...Hoje esta última pode ser já considerada uma epidemia mundial, ameaçando a saúde e bem estar de bilhões de pessoas.

E o Mirena®, como é que fica? Nós sabemos que determinados hormônios podem afetar o metabolismo, predispondo à perda ou ganho de peso. O DIU hormonal (Mirena®) libera o hormônio levonorgestrel (parecido com a progesterona) em doses entre 10 e 20mcg/24h, na cavidade uterina, durante cinco anos. Não libera estrogênio. Só para comparar, as pílulas mais vendidas do Brasil têm 150 mcg de levonorgestrel por comprimido, além de um estrogênio. Por isso, a dose liberada pelo Mirena® é considerada  mínima e além do mais, apenas uma pequena parte é absorvida pelo organismo, caindo na corrente sanguínea. Dessa forma, a maioria dos estudos não mostra um aumento de peso além do que é observado nos grupos de controle. É importante entender que os estudos científicos têm que ter estes grupos de controle, cujos componentes são similares ao grupo de estudo em tudo (faixa etária, sexo, hábitos, alimentação, etc) exceto no fator que está sendo analisado, no caso: o Mirena. Ah, mas minha vizinha engordou 3kg, fulana 4kg...! Isto não vale. Não foram controladas. Não se sabe que hábitos foram modificados, que alimentos ingeriram, se fazem atividade física regular e o MAIS importante: os anos se passaram. Isto mesmo. O tempo é cruel para a maior parte das pessoas, especialmente quanto ao ganho de peso. Uma determinada mulher que se casou há quatro anos poderá observar que neste período pode ter ganho alguns quilinhos. Provavelmente ela estará usando uma pílula e esta será erradamente considerada a "culpada". Se nossa amiga observar, a poucos metros dela achará o marido com uma bela cintura e também seus quilos a mais. 

É triste, mas é a realidade. Enfim, Mirena® não engorda, a vida sim...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O que significa mancha branca no colo do útero?

As manchas brancas que aparecem no exame colposcópicos do colo uterino são lesões decorrentes de cervicite crônica (inflamação crônica do colo), geralmente sem significado clínico importante, ou então, lesões causadas pelo HPV, que têm importância variável, dependendo do tipo de imagem. MANCHAS BRANCAS O Papanicolaou (citologia de prevenção do câncer) detecta as células anormais oriundas destas manchas, classificando-as em: normais, displasia leve, moderada ou grave. É um exame indireto das lesões. Já a colposcopia (exame através de um colposcópio, que é um aparelho binocular de grande aumento), tem uma visão direta das lesões. Este exame colposcópico permite verificar pequenas nuances de relevo, de extensão e coloração das imagens de maneira que se pode inferir o grau de importância e gravidade da mesma. Dependendo dos achados, o ginecologista poderá recomendar um acompanhamento periódico, uma biópsia, uma cauterização ou até mesmo uma cirurgia. COLPOSCÓPIO O exame

9 FATOS QUE VOCÊ DEVE CONHECER SOBRE CONDILOMA ACUMINADO

Condiloma acuminado é uma verruga sexualmente transmissível causado por determinados tipos de HPV (Papiloma Vírus Humano).     Pode aparecer principalmente na vulva, no períneo, na vagina, no colo do útero, no pênis, no saco escrotal, no ânus, na boca e na faringe. Condiloma na boca e na vulva Ele em si, não se transforma em câncer, embora, quando da contaminação, a mulher possa ter tido contato com outros tipos de HPV que tenham potencial de causar o câncer do colo do útero, da vulva, da vagina, do ânus ou da faringe. É extremamente contagioso. O período de incubação pode variar de dias a semanas, ao contrário de outros tipos de HPV, que podem levar até anos para se manifestarem. O tratamento pode ser feito com cauterizações ou por aplicação de medicamentos, e pode demorar. O parceiro deve ser cuidadosamente avaliado. Criocautério Pode ser prevenido pela vacina quadrivalente, contra HPV.

DIU DESLOCADO OU MAL POSICIONADO (1ª. parte)

Algumas vezes num Ultrassom pélvico de rotina ou porque a usuária tinha algum sintoma, o laudo descreve que o DIU está mal posicionado. Às vezes também no exame ginecológico de rotina os fios do DIU não estão visíveis. E aí? Pode ser DIU mal posicionado. Um DIU mal posicionado pode ser descrito como:  - localizado no segmento uterino inferior ou já no canal do colo do útero - rodado - incrustado no miométrio - parcialmente expelido através do colo uterino - perfurando o útero, parcial ou totalmente - expulso, totalmente na vagina DIU PERFURANDO O ÚTERO Não há um consenso de quantos milímetros poderia estar o DIU distante do fundo da cavidade. 10, 20, 30 mm? Em realidade não existem estudos adequados para esta avaliação. Nossa posição – junto com outros pesquisadores – é de que esta distância não é tão importante, desde que o DIU de cobre esteja acima do orifício interno do colo uterino. Um DIU mal posicionado facilitar uma gravidez?  Se o DIU “mal posicion