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Mirena® e Endometriose

A endometriose é uma doença que acomete muitas mulheres no período fértil de sua vida. Não se sabe sua causa, mas ela consiste na implantação do endométrio (camada que reveste o útero por dentro e que sai mensalmente na menstruação) fora do útero, por exemplo, nos ovários, na bexiga, no peritônio, etc.


O diagnóstico é difícil e a doença é suspeitada quando a mulher passa a sentir cólicas menstruais (quando não sentiam) ou estas pioram gradativamente. Também quando tem dores pélvicas e na relação sexual e tem dificuldades para engravidar. Portanto, muitas mulheres têm uma perda da qualidade de vida, devido os sintomas da endometriose. O diagnóstico definitivo é através da laparoscopia, uma cirurgia que introduz uma ótica e instrumentos através de pequenas incisões no abdome.

O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico. O tratamento cirúrgico vai depender do estágio da doença, de sua localização e outros aspectos. Em muitos casos é feito na própria laparoscopia em que é feito o diagnóstico. O tipo tratamento clínico também dependerá de uma série de fatores que devem ser analisados com atenção, pelo médico e pela mulher. Ele pode preceder a cirurgia (para facilitar a mesma); pode complementar a cirurgia ou pode ser o único tratamento, dependendo de cada caso.

Um dos tratamentos clínicos mais utilizados, tanto previamente quanto depois da cirurgia é o acetato de gosserrelina 10,8mg, que é uma injeção cujo efeito perdura por três meses e que já é padronizada pelo SUS. No entanto, embora atue eficazmente nos focos de endometriose, este tratamento é temporário, devido aos efeitos colaterais, que são sintomas equivalentes aos da menopausa: ondas de calor, queda de cabelos, ressecamento vaginal, perda óssea, etc.

Outra opção que tem sido muito utilizada  é o DIU Mirena®. Ele pode ser utilizado para complementar a cirurgia ou, principalmente, para mulheres que não querem engravidar, no momento, e querem se livrar das dores e cólicas. O objetivo principal do seu uso é melhorar a qualidade de vida. Estudos efetuados na Unicamp e em outros países têm demonstrado uma melhora importante das dores pélvicas e das cólicas menstruais, além de diminuir ou interromper o fluxo sanguíneo da menstruação. Está sendo mostrado também, em alguns estudos, que o Mirena também estabiliza ou diminui o tamanho dos focos de endometriose além de diminuir as chances da doença voltar.

Devemos lembrar que a endometriose dificilmente se cura, mas pode ser controlada. O conhecimento desses efeitos benéficos que o Mirena apresenta, oferece uma nova arma no tratamento paliativo dos sintomas desagradáveis que a endometriose causa na mulher.





Palavras chave: Mirena, DIU hormonal, endometriose, cólicas, dor pélvica, gosserrelina.

Prof. Antônio Aleixo Neto
Mestre em Saúde da Mulher (UFMG)
Master in Public Health (Harvard University) 

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