A inserção do DIU, seja de cobre, prata ou hormonal é um
procedimento médico que geralmente leva apenas alguns minutos.
Apesar de ser relativamente simples para um profissional
devidamente treinado, a inserção está rodeada de temores e a dor é uma das
maiores barreiras à aceitação do DIU.
Evidente que fatores psicológicos e emocionais podem afetar
a sensação de dor, por isso, deve-se transmitir bastante calma no ato de
inserção, o qual deve ser feito com delicadeza e após farta orientação sobre o
procedimento.
Podemos dividir entre dois grupos, em relação à inserção:
- Mulheres com
filhos
- Mulheres sem filhos (nuligestas)
A maior parte das mulheres
com filhos não têm maiores problemas na
inserção, exceto aquelas que já
tiveram o último parto há muitos anos, partos cesáreos e aquelas na
pré-menopausa.
O problema maior está nas mulheres sem filhos e
principalmente, adolescentes sem filhos.
Nelas o canal cervical é geralmente mais estreito do que
naquelas que já tem algum filho. Isso pode acarretar maior dificuldade para o
médico colocar o DIU e mais desconforto e dor para a paciente no ato da
inserção. Essa diferença é estatisticamente comprovada. Essa dificuldade pode
também ser devida ao diâmetro do tubo de inserção, que varia entre os vários
modelos de DIU.
Nesses casos, para que a inserção seja a mais confortável
possível e para que o DIU tenha um mínimo de efeitos colaterais, adotamos as
seguintes condutas:
- Um ultrassom prévio para medir o comprimento da cavidade uterina. Indispensável.
- Através dessa medida podemos saber qual modelo de DIU é mais adequado. Para se ter uma ideia, o modelo T de cobre tem uma haste vertical com 36mm. É maior do que o comprimento da cavidade uterina da maioria das mulheres sem filhos. É uma questão geométrica: não cabe. Raramente inserimos T de cobre em nuligestas.
- Atualmente quando a escolha for DIU
NÃO HORMONAL, preferimos os DIUs em forma de Y, que não forçam tanto as paredes da cavidade uterina e que têm os aplicadores
mais finos. Por acaso, os que temos no Brasil são de cobre + núcleo de prata e os hormonais.
- Quando a escolha for DIU HORMONAL, nossa escolha recai no Kyleena, que é menor do que o Mirena e com a mesma duração e já está disponível no Brasil.
- Procurar sempre colocar o DIU, qualquer que seja, no período menstrual, quando o canal cervical se dilata um pouco, para a saída da menstruação. Não é indispensável.
- A prescrição de um analgésico adequado antes da inserção é também muito útil na diminuição da dor no procedimento.
ANESTESIA
Nas mulheres com filhos a
anestesia pode ser opcional, mas nas mulheres sem filhos, no nosso entender, é obrigatória.
Mulheres que só tiveram cesarianas, que já tiveram filhos há muitos anos ou estão na pré-menopausa, também se beneficiam da anestesia.
Primeiramente,
local, com gel ou spray, porque o colo do útero precisa ser pinçado com um
tenáculo ou pinça de Pozzi, para facilitar a inserção e possibilitar que o DIU
fique bem inserido.
Em
segundo lugar, um bloqueio anestésico no colo uterino (anestesia paracervical
ou intracervical). A passagem do aplicador do DIU pelo canal cervical estreito sem
anestesia pode gerar intensas dores e culminar num reflexo vaso-vagal,
que consiste num desmaio com queda da pressão arterial, suores frios e
desaceleração dos batimentos cardíacos. Muito desagradável. Ocorre
preferencialmente em jovens.
Além dos procedimentos
anteriores, nós utilizamos um recurso que alia a tecnologia com princípios da acupuntura.
Usamos
o aparelho TENS, também conhecida por neuroestimulação elétrica
transcutânea, que é um método eficaz, seguro e não invasivo de tratamento
de dores crônicas e agudas, sem que seja necessário o uso de medicamentos.
O seu mecanismo fisiológico de
analgesia depende da modulação da corrente aplicada à região alvo, ou seja, se
forem aplicados impulsos elétricos de baixa frequência e alta intensidade, são
liberadas endorfinas pelo cérebro ou medula, que são substâncias com efeitos
semelhantes à morfina, levando assim ao alívio da dor.
Se forem aplicados impulsos
elétricos com frequência alta e baixa intensidade, a analgesia ocorre devido a
um bloqueio dos sinais nervosos de dor que não são enviados ao cérebro.
Utilizamos os eletrodos do TENS nos pontos
energéticos usados na acupuntura, que promovem uma analgesia na região pélvica
e uterina.
O resultado é um alívio
acentuado das cólicas, dores e incômodos no ato da aplicação do DIU, seja ele qual
modelo for.
CONCLUSÃO
Com esses cuidados, a inserção
de DIU torna-se um procedimento perfeitamente tranquilo e a usuária geralmente pode
voltar às atividades normais no mesmo dia.
- Recomendamos evitar relações sexuais e atividades físicas pesadas por 7 dias.
- No primeiro mês é normal a ocorrência de discretas cólicas e sangramentos. Essas cólicas podem ser controladas com medicações por via oral.
- Em caso de dores pélvicas intensas, febre ou hemorragia a usuária deve contatar seu médico.
- Nós recomendamos a primeira revisão com cerca de 40 dias, através de um ultrassom ou pela visualização dos fios.
Em suma, o DIU, seja de cobre,
cobre/prata ou hormonal é um método excepcional, extremamente eficaz, alta durabilidade
e poucas contraindicações.
Com a escolha criteriosa dos modelos, com a orientação adequada e uma inserção cuidadosa, a usuária tem uma aceitabilidade excelente, a melhor entre todos os métodos; além de um custo/benefício inigualável.
Palavras-chave: DIU, dispositivo intrauterino, inserção
de DIU, dor, cólicas, reflexo vaso-vagal, nulíparas, mulheres sem filhos, canal
cervical, anestesia para cervical, anestesia intracervical, TENS, acupuntura.
Prof. Antônio Aleixo Neto
Mestre em Saúde da Mulher (UFMG)
Master in Public Health (Harvard University)
Mestre em Saúde da Mulher (UFMG)
Master in Public Health (Harvard University)
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